<$BlogRSDUrl$>

quinta-feira, novembro 06, 2003

Tim Festival ao VIVO

Todo mundo sabe que a cobertura da Tim é uma das piores entre os celulares do nosso buraco do terceiro mundo. Talvez para fazer a gente esquecer disso, nossos amigos publicitários e do marketing convenceram os executivos a torrarem dinheiro em campanhas para tentar ligar o nome Tim a coisas bacanas, modernas e gente antenada. Pois acho que não deu certo.

O primeiro Tim Festival aconteceu no fim de semana passada no Rio e,
infelizmente, não mostrou a que veio. Sem um pingo do charme do Free Jazz,
parecia mais um festivalzinho gringo qualquer, mas sem nenhuma atração de
peso que possibilitasse shows inesquecíveis como um Living Colour e um
Nirvana no Hollywood Rock, um Queen no Rock in Rio ou até mesmo um Sonic
Youth e um Kraftwerk num Free Jazz.

Mas entre mortos e feridos, algumas bandas se salvaram, outras não, a
escalação do Tim After Hours se mostrou estúpida, o Tim Lab e o Tim Club
ainda sofrem com vazamentos de som e, continuando a cobrança de ingresso
para circular pelo Mam, o Tim Village tende a desaparecer nas próximas
edições.

Mas vamos ao balanção:

Dia 1:
Chegamos no final do show da Beth Gibbons. Pelamor de Deus, quem precisa de um show da Beth Gibbons quando já assistiu ao Portishead ao vivo? Depois alguns ainda dizem por aí que foi o melhor show do festival. Acho que esse tipo de gente enfartava em cinco minutos de show do Portishead, infinitamente superior ao vivo que o trabalho solo da vocalista.

Depois de uma passada na sala de imprensa, aquela social com os coleguinhas, bebidinhas e comidinhas de graça, é hora de rumar pro Tim Lab (o quê, achou que eu ia ficar pro show da k.d. Lang? Porra, de lésbica já basta o público da minha festa toda sexta na Bunker). Show do Wado, excelente como sempre. A banda tocou todos os clássicos dos dois discos do alagoano e é impressionante a segurança com que eles se comportaram no palco do festival, pareciam veteranos com anos e anos de estrada em festivais.
Depois veio o Lambchop, que decepcionou um pouco quem, como eu e o Zé Flávio, esperavam a banda completa, com naipe de metais, backing vocals e o caralho a quatro, como eles se apresentam no primeiro mundo. Do jeito que estavam, ainda mais tocando as músicas mais rapidinhas do repertório, pareciam uma banda indie americana como outra qualquer.
E por falar em indie, fechando a noite no palco Lab, os Hermanos jogaram em casa com a torcida ao favor e não tiveram dificuladade para agradar.

Depois do fim da festa no palco Lab, rumamos para o Tim After Hours, que, por causa do baixíssimo número de ingressos vendidos, teve a entrada liberada para todo mundo que estava no Lab ou pedia aos seguranças. Chegamos e o assessor da
Erika Palomino (namorada do organizador da escalação dos DJ's do festival, Felipe
Venâncio) estava tocando, não se sabe ainda porque, com tantos DJ's de primeira linha no Rio. Mas tudo bem, até que o cara não atrapalhou muito e lá pelas 3h30 entregou o som pro 2 Many DJ's, que, meu amigo, fizeram a melhor apresentação do Tim Festival. Pena que só umas 400 pessoas ainda permaneciam no local... Mas todos fomos brindados com uma performance inesquecível de reggae, rock, electro, techno, pop, mais rock e o caralho a quatro, tudo mixado à perfeição e com direito a gritinhos do vocalista do Rapture e do Erol Alkan, que, devidamente calibrados, estavam curtindo tudo no palco.

Dia 2:
Não adianta, por mais que todo mundo corra, começar um festival as 18hs de um dia de semana é foda... Então os Whirlwind Heat tocaram para quase ninguém (nem eu estava lá, para falar a verdade). Na metade do show do Fellini adentramos ao Main Stage. Confesso que me surpreendi com a energia ao vivo da banda do parceiro de Londres Thomas Pappon. Os caras mandaram muito bem tocando diversos clássicos das antigas e conquistou a moçada, que, pelo menos, aplaudiu bastante o grupo no final.

Um breve intervalo e entra a verdadeira grande atração do Tim Festival. Ridicularmente colocado atrás do Rapture e do White Stripes, o Super Furry Animals, três vezes headliner do Reading Festival, duas vezes do Glastonbury, mostrou a que veio, mandando muito bem num repertório que misturava músicas antigas com o novo disco, Phantom Power. Com imagens psicodélicas passando num telão, eles só pecaram por não tocar nada do disco Guerilla, mas tudo bem, ninguém é perfeito. Os últimos 20 minutos do shows foram os únicos verdadeiramente para entrar na história roqueira do festival. Começando com "The Man Don’t Give A Fuck”, enquanto no telão apareciam imagens de Tony Blair e George Bush e a frase “Todos os governos são mentirosos e assassinos” e, no final, quando tudo mundo pensava que já havia terminado, tome dez minutos de música eletrônica comandada por um roadie da banda. Quando ninguém entendia mais nada, todos eles voltam ao palco vestidos numa mistura de cachorro com Chewbacca com seus instrumentos e uma cópia da Taça Fifa, passada de mão em mão como se houvessem ganho a Copa do Mundo. Depois disso terminaram a música, brincaram de destruir o palco e saudaram a platéia, que, extasiada, não parecia acreditar no que via.

Depois do show do SFA, ou as duas bandas restantes seriam fenomenais ou não dariam nem pro gasto. Infelizmente aconteceu a última coisa. O Rapture mostrou que, ao vivo, a banda precisa de um baterista melhor e mais presença de palco. Os americanos só empolgaram alguém quando tocaram o hit do Tim Festival (foi a música mais tocada pelos DJs), "House of Jelous Lovers". Por causa disso ainda voltaram para um bis, numa versão chinfrim de "Rock And Roll Part. 2", do pedófilo Gary Glitter.
Para fechar a noite do Main Stage, a atração mais esperada do festival foi motivo de mais risada que vibração. O White Stripes ao vivo é Jack White na guitarra e Jack White ensinando pra Meg como se toca bateria. É impressionante como essa menina "especial" ainda não tem idéia de quando parar nas músicas, de quando bater no prato, quando variar as viradas, etc etc... Nas músicas mais complicadas, Jack, com um microfone estrategicamente colocado de frente para a bateria, ensinava com os olhos e mímicas à Meg quando ela deveria parar na música, fazer viradas, etc etc... Fora isso, o show foi bem chinfrim, com Meg cantando “In The Cold, Cold Night” e Jack tentando inutilmente soar como Led Zeppelin e The Who. Falta muito ainda meus amigos...
A noite ainda seguiu na Bunker, quando comandei o after do Tim Festival, mas isso é assunto para outro post.

Dia 3:
Debaixo de um temporal chegamos ao Main Stage no final do competente show da Nação Zumbi. Logo depois entra no palco o The Streets, o projeto criado no quarto de casa pelo boa praça Mike Skinner (que no dia seguinte ficaria preso num trem do Corcovado pro causa de uma manifestação de favelados. Coisas de Rio de Janeiro...) mostrou a que veio e para muitos foi a revelação do festival. Ao vivo o som toma bem mais corpo, por causa dos músicos convidados que comandam bateria, teclado, programação e baixo, além do outro vocalista que divide o palco com Skinner. Altamente alcoolizado, o inglesinho ficava batendo bola no palco entre um rap e outro e conquistou rapidamente a simpatia da galera, deidicando músicas para o Beckham, falando de futebol. “Don’t Mug Yourself” e “Weak Become Heroes" foram os melhores momentos. No final, o perna-de-pau ainda tentou chutar a bola pra galera, mas estava tão torto que a redonda acabou caindo no colo de Yuka, que assistia ao show no fosso dos fotógrafos.

A atração principal da noite veio a seguir. Os negões americanos do Public enemy fizeram o que deve ter sido o maior show da história de todos os festivais do Rio de Janeiro. Foram quase três horas de Terminator X, Chuck D e Flavour Flav. Pelo menos serviu para tocarem todos os hits, como “Welcome To The Terrordrome”, “Bring The Noise”, “Shut’em Down”, “Don’t Believe The Hype” e “911 Is A Joke”, entre outros. O feio foi que, num flagrante do telão, deu pra sacar que o DJ da banda nem tinha pick up de vinil no equipamento. Que enrolação, hein meu amigo...

Por causa do tamanho do show do PE, do atraso por causa da chuva e de problemas da organização, o After Hours só foi aberto as 3h30. Isso prejudicou muito o set de Zé, Gordinho e Edinho, que não tiveram quase tempo para tocar antes da Peaches e, por isso ainda deram uma palhinha antes do DJ Malboro começar. E por falar na canadense mais sacana do mundo (conversando em Londres com a menina no final de 98, muito antes dela sequer pensar em lançar um disco, ela me confessou que já "papou" a cena post-rock do Canadá toda"), a Peaches arebentou e fez um showzaço, tirando todas as dúvidas sobre a sua cometência. Não é a a toa que ela está abrindo a atual turnê do Marylin Manson pela Europa. Recheado de escatologias como lamber o suvaco, se empaturrar com frutas e salgadinhos e tentar cantar com a boca cheia, o show da moça é de se tirar o chapéu. Em "Kick it", apareceu o gênio Iggy Pop contracenando no telão e em “Fuck The Pain Away”, o final apoteótico aconteceu com um beijo molhado em cima de duas fãs convidadas a subir no palco.

Depois da Peaches, só a Lacraia. E o DJ Malboro prometeu e cumpriu, transformando o Main Stage num autêntico bailão funk. Teve show do MC Serginho e sua Lacraia, qe deu 50 reais para um pobre gari beijar a boca da dançarina gay (e o cara deu um baita beijão de lingua na mocréia),Tati Quebra-Barraco com seu arsenal de frases como Não gosto de pau pequeno”, “Goza na boca/goza na cara/goza onde quiser” e a melhor da noite, “Pau no cu do mundo... E no meu também!”.

Um final apoteótico para um festival que, no ano que vem, vai pra SãoPaulo. Mas sem Radiohead, já avisou a produção.









This page is powered by Blogger. Isn't yours?