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sexta-feira, setembro 27, 2002

Deuses da Guitarra
Por Marcus Garrett

Ulrich Jon Roth, o Paganini da Guitarra (por Marcus Garrett)

Ulrich Jon Roth, ou Uli Roth, como é conhecido artisticamente, foi um dos pioneiros a desafiar o dogma pentatônico do Blues. O guitarrista alemão, nascido em Dusseldorf, começou a tocar aos 13 anos de idade, influenciado por Jimi Hendrix. Por outro lado, seu sangue europeu o fez caminhar às suas raízes, pois adorava os grandes mestres, como Bach e Mozart. Esse conflito entre dois mundos o fez desenvolver um estilo próprio, poderoso como o Rock, mas, ao mesmo tempo, suave e profundo como a música erudita.

Uli começou a demonstrar esse estilo ao mundo, ainda no início dos anos setenta, tendo ousado fabricar uma profusão de sons diferentes em seus longos solos e composições. “The Sails of Charon”, do álbum “Taken by Force”, é um de seus hinos, oriundo da época em que o músico integrou o “Scorpions” – como guitarrista solo - em quatro álbuns de estúdio e em um ao vivo. Infelizmente, entediado com a qualidade musical produzida e com o conteúdo das letras, acabou deixando a banda em 1978, devido aos desentendimentos com os outros membros. O Scorpions, que fora um dia o “Deep Purple alemão”, nunca mais seria a mesma banda... No final dos anos setenta partiu para a carreira solo e criou a banda “Electric Sun”, cujo som diferenciou-se bastante de seus trabalhos anteriores. A influência clássica o dominou de vez, bem como esteve à vontade para homenagear Hendrix em suas músicas e solos. O “Electric Sun” produziu três álbuns: “Earthquake”, “Firewind” e “Beyond the Astral Skies”. Uli, nessa época, começou a trilhar em suas músicas um caminho, digamos, “espiritual”. Não é raro de se encontrar nas letras por ele escritas, conteúdo acerca da evolução do espírito humano, da evocação dos “grandes gurus” e quetais.

Isso, aliás, é uma das marcas registradas do guitarrista, que produziu uma pequena obra-prima em 1996 – após ter permanecido durante anos sem lançar nada - totalmente voltada ao campo erudito. Um trabalho bem diferente do que fora visto até então, por meio do qual Uli compilou trechos de gravações ao vivo juntamente à Orquestra Sinfônica de Bruxelas, aliados a outras gravações de estúdio; até mesmo gravou peças de Puccini, como “E Lucevan Le Stelle”. Esse material todo gerou a primeira parte do projeto batizado de “Sky of Avalon”, o álbum “Prologue to Symphonic Legends”, através do qual Uli consagrou-se, perante a crítica, um estupendo músico, além de formidável guitarrista. Um dos fatos mais marcantes dessa ocasião foi o surgimento de um novo tipo de guitarra, a “Sky Guitar”. Roth em pessoa elaborou esse instrumento diferente, que contém uma corda adicional (mais aguda), além de “casas” extras, totalizando o número de trinta (uma guitarra comum possui vinte e uma). Segundo Uli, o som produzido por essa nova guitarra a fez aproximar-se ainda mais dos sons proferidos pelos violinos. De fato, é possível de se notar essa comparação sonora, ouvindo-se o já citado “Symphonic Legends”. Com efeito, essa guitarra “que soa como violino” pode ser muito bem apreciada através de seu mais novo trabalho: “Transcendental Sky Guitar”, um belíssimo e impressionante passeio pela música erudita, salpicado ao melhor estilo de Hendrix. Erudita, sim! Quem disse que a guitarra elétrica não poderia soar de maneira diferente?



Uma Viagem Transcendental

“Transcendental Sky Guitar” é composto por dois CDs. O primeiro, batizado de “The Phoenix” (A Fênix), traz diversas peças interpretadas na guitarra. Paganini, Mozart, Beethoven, Mendelssohn, dentre outros grandes compositores, compõem esse primeiro CD. As peças são todas tocadas na guitarra, mas na especialmente criada “Sky Guitar”; realmente, a sétima corda adicional faz toda a diferença! A maioria das gravações do disco foram feitas ao vivo, fato que proporcionou maior dramaticidade às interpretações.

Uli Roth toca certo e bonito; emociona e arrepia. Ele interpreta as peças eruditas “nota por nota”, como não poderia deixar de ser, porém, impinge toda uma carga dramática e emocional a elas, motivo por trás da grandeza desse novo álbum. O segundo CD, batizado de “The Dragon” (O Dragão), traz regravações e improvisações sobre músicas de Jimi Hendrix, como “Voodoo Chile”, além de diversos ensaios, improvisações e estudos baseados tanto na obra do guitarrista, como em peças de Bach, de Monti e de Paganini.

Numa época em que os guitarristas vivem obcecados pela técnica e pela velocidade, Roth nos mostra o tom certo, o “fio da navalha” entre dois mundos que andam de mãos dadas: a técnica e o “feeling”; o sentimento, a “alma” – dueto gerador de tanta controvérsia entre músicos, críticos e estudiosos. Não è à toa o fato de Uli ter influenciado tantos outros grandes guitarristas, como Yngwie Malmsteen e Marty Friedman.

“Transcendental Sky Guitar” é peça essencial à coleção de qualquer amante da boa música, seja guitarrista ou não, por tratar-se de material diferente do que se encontra por aí na “mesmice” musical de nossos tempos. Agora, só nos resta aguardar pela seqüência da obra “Sky of Avalon”.



segunda-feira, setembro 23, 2002

WALK UP
por Helio Medina & Bureta Inc.
e-mail: yeahwalkup@bol.com.br

Bendito Seja Harold Melvin E Outros Drops
Dias atrás eu estava tão triste e desiludido da vida que só o som de Harold Melvin e os Blue Notes conseguiram salvar meu humor. Ouvir a otimista Wake Up Everybody é infinitamente melhor que qualquer comprimido que lhe digam que vai deixá-lo feliz. A voz de Harold, encorpada como um bom café, acompanhada pelo auxílio luxuoso dos Blue Notes, é uma dádiva divina. Capaz de levantar um defunto. Bendito seja Harold Melvin! E os Blue Notes também.

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Também ótima para sair de uma uruca é o single Giapponese a Roma, em que Kahimi Karie canta em italiano! No site da ótima gravadora espanhola Siesta (www.siesta.es) , você pode ouvir essa canção de 1999, inteirinha. É um sonho de lambretas e boa vida, composta pelo bardo maldito Momus, um cara que coleciona desafetos, mas é idolatrado no Japão.
Para quem não sabe, Karie já foi amor louco de Cornelius.

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Agora, cinco gravações de Moon River que você tem que ouvir:
1- Connie Francis: mais famosa por ter gravado Stupid Cupid, Connie é provavelmente a cantora mais brega do mundo. Até a Perla perde. Mas essa versão dela é irretocável.
2- Henry Mancini e sua Orquestra: ah, esse é o pai da criança e um dos reis da bachelor pad music. Esqueça esse papo de lounge de hoje em dia, beba direto na fonte. Dá para sentir o cheiro do cappuccino de Audrey Hepburn nessa gravação.
3- Morrissey: tem na coletânea World Of Morrissey, a letra foi levemente modificada, tem guitarras e samples de vozes. Assustadoramente bonita.
4- Orquestra Românticos de Cuba: esse é o combo de lounge music mais injustiçado do mundo. Suas gravações de temas de cinema são sem concorrência. Procure na prateleira de ofertas do seu supermercado favorito.
5- Frank Sinatra: essa é para ouvir num cassino.

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Bendito seja Harold Melvin.

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Preciso falar de uma banda que me mandou um e-mail.É uma banda de garotas chamada Papel de Parede. Por enquanto as meninas só fizeram alguns shows e estão preparando, na maior tranquilidade, material próprio para uma demo. Confira o site www.bandapapeldeparede.hpg.com.br. Ah, e lembre-se que a gente falou delas primeiro.

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Em tempo: a gravação de Harold Melvin que eu estou falando tanto está no cd duplo Heat of Soul, do selo Magic Factory.

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Enciclopédia Nerd


As duas canções de Sam Cooke que tocam no filme O Clube dos Cafajestes ( Animal House/ 1978) são :

a) Wonderful World, na cena em que Bluto Blutarsky ( John Belushi) come como um porco no refeitório da faculdade.
b) Twisting The Night Away, na lendária cena da festa da toga romana. Por causa dessa cena, John saiu na capa da Time - de toga, claro - e as festas da toga tornaram-se febre nos campi americanos.

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Como você já deve ter notado, se você tem preconceito contra qualquer tipo de música, fuja dessa coluna. Porém, se misturar Benito di Paula com Kevin Shields é com você, faça de conta que estamos tomando um café expresso e conversando. Chega de correntes: pelo menos na hora de ouvir música eu quero liberdade!


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